Caneca Noctilingua

lenda da Noctilingua
Dizem que nas noites em que a lua se veste de cinza, uma criatura vaga entre os vivos e os mortos, sem nunca pertencer a nenhum dos mundos. Seu nome foi sussurrado por monges em manuscritos ocultos: Noctilingua, a língua da noite.
Conta-se que ela não morde apenas com suas presas de vampiro — é sua língua, longa, viscosa e ensanguentada, que arrasta as almas para o vazio. Quem a vê, não esquece: a boca aberta como um abismo, dentes afiados que brilham na penumbra e uma língua insaciável, sempre à procura de novos sabores proibidos.
A Noctilingua não fala, mas murmura em sonhos. Aquele que a escuta acorda com gosto de ferro na boca e a sensação de que algo foi arrancado de dentro de si. Alguns chamam isso de maldição. Outros, de pacto.
Ninguém sabe se a criatura é serva da lua, filha da fome ou apenas o reflexo daquilo que os humanos escondem em seu desejo mais escuro. Mas em cada aparição, o rastro é o mesmo: silêncio profundo, corpos pálidos… e marcas vermelhas como se uma língua tivesse lambido a própria alma.
Agora, a lenda toma forma diante de você: uma caneca esbranquiçada, com dentes expostos e a língua sangrenta para fora. Não é apenas uma peça. É a materialização da criatura que, segundo os antigos, continua à espreita — esperando a próxima noite cinzenta para se saciar novamente.